sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Tributo a Augusto dos Anjos VII – Devorador de sonhos

Nada mais que um mendigo megalomaníaco
Em minha insanidade eu compreendo e sou o mundo.
Então eu percebo o quanto eu mesmo sou imundo
Durante um único minuto hipocondríaco:

Vejo-me refém num etéreo submundo
Governado por seres vis e demoníacos
Feito muito inutilmente tenta um paralítico
Escapar do limo de um buraco sem fundo.

Pastor de um rebanho de ovelhas desgarradas
Em um campo infestado de lobos medonhos
Eu sigo, egocentrista, o rastro de meus sonhos

Como um fantasma a penar por vidas passadas
Sem crer na vida reduzida ao mesmo nada
De onde nascem e pra onde tornam nossos sonhos.

            13 de julho de 2011 – 01h 35min

Brincar com fogo

Maldito o que disse que quem brincar
Com fogo, com fogo irá se queimar
─ Bendita a mãe que sempre tem razão,
Que todo o saber de uma geração

A outra passado a mim soube passar.
Mas eu nunca poderia imaginar
Quão doce é a chama que não queima a mão
Mas gentil arde em meu coração.

Chama que nunca fere mas que aquece
O íntimo como astro que do céu desce,
Tal a doce candura dos olhos teus

Que me fazem lembrar favos de mel
─ Sob o sol, castanhos de um tom bem claro
Que antes eu nunca vi: de um sabor de raro...

            12 de julho de 2011 – 01h 56min

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Soneto insone

O que andará fazendo o tal Morpheu?
Terá ele adormecido no seu trono
Quando eu, sem conseguir dormir, sem sono,
Fico a me revirar no leito meu?

O que será de mim? O que faço eu
Quando da minha insônia não sou dono?
Quando no sossegado ar de seu trono
Terá adormecido o próprio Morpheu?

Este escuro, o frio, é tudo tão medonho...
Me frustra não poder voltar ao sonho
De uma sonhada noite, a mais tranqüila,

Não dormir, o pirralho mais risonho,
Com quem todos os dias desperto eu sonho:
Nunca sonhar no colo de Priscila.
            30 de maio de 2011 – 22h 54min

Não trago flores

Para tua lápide não trago qualquer flor
Pois elas logo secam, caem todas ao chão.
Querida, não existe prova maior do meu amor
Que a tua memória: Levas o meu coração.

Ante o frio da terra persiste ainda o calor
Daquele teu beijo primeiro sem razão.
O teu carinho eterno que diminui a dor,
Que suportável torna a separação.

E eis a minha última confidência, meu amor:
Depois de tudo isso não me há maior frustração
Que não poder seguir contigo nesta estrada.

Ao mesmo tempo tudo é vazio e aflição
Diante do túmulo onde jazes enterrada:
Diante do qual é perpetuado o nosso amor.
21 de março de 2011 – 23h 10min

Drama

Me perdoa pelo meu comportamento,
Por estes versos, por este meu drama,
Que na verdade é o último argumento
Daquele que desespera-se porque ama.

Das coisas me fere o discernimento,
Tal qual o calor que atrai a mão a chama
Sem dar idéia de qualquer ferimento,
A simples idéia de estar em tua cama.

Pois pouco enxerga com os olhos cheios
De ti a minha alma, temendo perder
A ti, o olhar triste, os olhos rasos d’água,

A inventar uma inexistente mágoa,
Solitária, sentindo frio, a tremer,
Vítima de uma ardilagem do anseio...
            29 de maio de 2011 – 19h 17min


Apocalipse

Ainda há quem lembre das tuas crianças a brincar
Quando o intelecto de algum gênio demente
Se divertia no frio de um inverno nuclear
A provar flocos de neve negros e ardentes.

E não haverá consolo nem a quem culpar
Quando a bomba cair tal qual estrela cadente
Narrada nos livros de quem está a rezar
Pro deus que a sua imagem nos fez onipotentes.

E sem qualquer clemência e desprovidos de asas
Anjos e santos invadirão as nossas casas
Pregando as palavras do embaixador da paz

─ Disseminando fome, discórdia e desgraça
Em nome do Senhor, da Santíssima Graça,
Do filho enviado pelo próprio Satanás.
            27 de maio de 2011 – 17h 02min

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Despedida

"Por favor, não vá agora..." eu te falava
E me dizias "Dofo, não pede assim..."
Ainda assim para longe de mim
Tu foste: à cintura eu te segurava...

E eu te olhava. E já a me entender falavas
"Adolfo, por favor, não fica assim
Se não fico..." E como se fosse o fim,
A mão em meu rosto, gentil me beijavas...

Nos lábios um beijo de despedida,
A tua maneira doce de me olhar...
Beijo que há de ser para toda a vida!

Feito na vez próxima em que eu te encontrar
Quero que me faça, minha querida,
Prometer tua cintura jamais largar.

26 de outubro de 2011 - 17h 27min

O amor... IV

Se o que é amor não sabemos, o que é amar,
Do namoro não é esta a servidão,
Saber dos mistérios do coração
Ao lado de quem 'stamos a gostar?

Ou haverá quem saiba como explicar
O sentir para o qual não há razão,
Pelo qual Deus, em seu nome, a Criação
Com tanto carinho se pôs a criar?

E se foi à Sua imagem que Deus nos criou
Cada um dos versos por mim a ti escritos
À imagem do que por ti eu sinto os fiz.

Pois imito-O que no amor se inspirou.
E se estes versos te são tão bonitos
É porque a ter que me amas sou feliz!

25 de outubro de 2011 - 22h 35min

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O amor... II

Se em algum momento eu cheguei a duvidar
De que as piores mentiras são as que nós contamos
A nós mesmos, aqui estou eu a me castigar
Por não dizer, confessar, a ela que eu muito a amo

Achando que estarei eu a me precipitar...
Pois são nos bons momentos ─ em que conversamos
Ou quando raro podemos nos encontrar ─
Que eu mais penso em dizer a ela o quanto eu a amo...

E penso se isto é o que nós temos de melhor,
Um ao outro simplesmente saber ouvir
Sem nunca dizer o que estamos a sentir...

O mais belo e também o mais cruel sobre o amor
É que nunca há quem nos ensine sobre o amor,
Ou o que seja o que por ela eu amo sentir...

            12 de julho de 2011 – 00h 57min

Frio infernal

Sem você por aqui mais parecem de inverno
As chuvas de verão ─ tédio a me consumir...
E caso a temperatura tenda a subir
Passo as férias lá pelo quinto dos infernos

Apenas para mim ser forçado a sentir
Saudades de ti: Um digno castigo, eterno
Feito o tédio, ─ o fogo do mármore do inferno ─
Quando eu fui um menino mau, tenho de assumir...

Mas assumo a na cara estampar um sorriso
Quando por ti, anjinho de lábios tentadores,
Eu peco na esperança de ir ao tal paraíso

Como o mais cínico de todos os pecadores
E assim a celeste graça deste teu riso
Vislumbrar ─ Não me acude nem mesmo a das Dores!

            11 de julho de 2011 – 16h 21min

Tributo a Augusto dos Anjos III – Crise existencial

Discutíamos eu e a minha caveira,
Arrogante que sou, com ar de filósofo,
Quem, pro despeito do vazio e do mofo,
Será agraciado com a porção primeira

Quando eu, filho da primeira rameira,
Batizado com o nome de Adolfo,
Desde que eu posso me recordar sofro
De um mal que nem imaginar tu queira.

Eu e a minha caveira discutíamos
Quem o veneno com o passar de anos
Destilado no final irá sorver:

Mal que somente a alma causa danos,
Que é não saber se eu odeio ou se eu amo,
Que é a própria existência não compreender.

            30 de junho de 2011 – 03h 31min

Ataque de abstinência

Não agüento mais esta paixão maldita!
Paixão esta que a cada dia me consome!
Que encontra em cada letra do teu nome
Uma fonte de inspiração infinita.

Pois se eu sempre disse que te queria
Prostrado eu suplico: de ti eu preciso!
Nem mesmo o decassílabo preciso
Se salva: me consome até a poesia.

Como quem sofre ataque de loucura
Escrevo, a suar frio numa noite escura
E fria. E se tremo não é por sentir medo

Mas por ter de guardar uma verdade,
Por não podermos matar a vontade
E revelar ao mundo nosso segredo.

            29 de junho de 2011 – 00h 34min

Surto com cerejas VI

Se tanto assim desejas me beijar
Explica-me: Por que tanto pudor,
A tua face, cheirosa, me virar?
Destes teus lábios eu quero o sabor

Provar; E quando me morder tu for
Que a minha nunca venha a se arrepiar
Feito quando provei um doce licor
Ao junto da tua boca respirar.

Mas que me morda feito uma cereja
Mordes: Delicada ao tirar pedaço
Feito tu fazias presa nos meus braços.

Aos poucos feito a minha alma deseja
O doce desta boca que não a beija
Cada vez mais ─ e eu não sei o que faço...

            28 de junho de 2011 – 00h 27min

domingo, 23 de outubro de 2011

Sakura VI

Sob nuvens de impecável brancura
Eu desejo te acompanhar por onde tu fores:
E ataviam-se a te eleger todas as flores
A mais bela dentre elas, minha sakura.


Do sol nos olhos teus quero a candura,
De cada uma das pétalas os amores:
Do mundo os passarinhos cantam os primores
Quando no ar há o teu perfume ─ o de maior frescura!


Sempre muito gentil sopra o vento do mar,
Feito eu não posso fazer, teus longos cabelos:
E aos teus pés saúda-te o mar aos teus pés molhar


As ondas... Até o rastro do teu passo é belo!
Feito é o das ondas em espuma o se desmanchar.
─ Feito eu diante de olhos de um castanho tão belo.

06 de julho de 2011 – 16h 57min

Tributo a Augusto dos Anjos II

Nossa alegria faz-se no alheio tormento ─
Senhores de um mundo desfeito em ruínas
Nossas vidas e nossos argumentos
Nada mais valem que fezes e urina


Quando irmãos confabulam na surdina,
Numa paz que imita a do firmamento,
A morte dos pais, a carnificina
Na qual sem chorar único lamento


Os vermes se fartam a festejar
Pelos corpos frios que não irão saciar
Somente a eles mas também a sua cria


Numa ironia que é de se admirar
─ Enquanto estão alegremente a valsar
Nossas almas ante as carcaças frias...

30 de junho de 2011 – 03h 00min

Tributo a Augusto dos Anjos – Lida

Pasmo eu observo. Observo atônito
A lida da bactéria suicida:
E este odor podre do escorrer da vida
Enoja-me e me causa ânsia de vômito


Feito o fruto de interrompido coito
Que ao olhar pro corpo da mãe querida
Se descobre a excreção de uma ferida,
Se enche de uma súbita ânsia de vômito.


Nasceste tu apenas para morrer.
Como quem goza numa prostituta
Goze a vida, que é a mais fútil das lutas!


A ti mesmo não tenta compreender.
Feito tudo o que vive e estupra o mundo
Saciarás o insaciável verme imundo!

30 de junho de 2011 – 00h 35min

Criancinha sonolenta

Me desculpa, criancinha sonolenta,
Se ao uma boa noite te desejar
O teu sono eu cheguei a atrapalhar...
E ainda assim, com uma voz doce e lenta,


Gentil sempre, como quem me inocenta
Tu foste capaz de me desejar
Boa noite... Ainda assim, por eu te acordar
Me desculpa, criancinha sonolenta...

A esta hora eu também devia estar dormindo,
Quando a tua voz eu pude por fim ouvir,
Mas não, eu flagrei a mim mesmo sorrindo

Quando eu quase não te deixo dormir
Pra dizer que acho o teu sorriso lindo
─ Mas se quer eu posso te ver sorrir...

22 de junho de 2011- 00h 14min

Beijo de boa noite II

Dentro do teu quarto eu queria poder estar
E assim poder te observar ali a dormir.
A tua respiração, tranqüila sempre, ouvir,
Tuas curvas, uma a uma, no escuro divisar.


Não a face que é tua mas estes teus lábios beijar
Como quem o faz quando vai se despedir
Já que no teu sono eu não posso te seguir...
Pessoalmente uma boa noite te desejar.


E se me pedes eu vou sim dormir no chão
Feito cão que dorme a mercê da escuridão
E ainda assim sem manifestar qualquer queixume.


Mas vou tomado por falsa satisfação,
Por um sentimento indivisível de ciúmes...
Ciúme do travesseiro a sentir teu perfume.

15 de junho de 2011 – 00h 23min

sábado, 22 de outubro de 2011

Cântico das sereias III

Entre as águas e um cântico a lua se revela,
O seu brilho rasgando a escuridão sem fim
Na qual estrelas brilham feio brilham velas,
Tristes por eu não poder tê-la para mim.

Das águas, feito os versos que nascem em mim,
Elevam-se palavras míticas e belas
Cantando sobre o céu, sobre o oceano sem fim,
Sobre a distância que me separa dela.

Feito a brisa beija as águas, sempre silente,
Ficas sempre a escutar o sussurrar do vento,
Perdido em meio a lembranças e pensamentos


Que igual vêm as ondas vêm sempre lentamente...
Silêncio cheio de paz e que enche de tormento
─ Um beijo inexistente, dado gentilmente...”.

18 de maio de 2011 – 00h 23min

Lilás

Além da distância a nos separar,
Deste anseio de nos braços te tomar,
De não poder nunca te ver sorrir,
Nem mais a tua bela voz eu posso ouvir...


O que posso se resume a esperar
Que de mim tu venhas a se lembrar;
E ainda que não possas me ver sorrir
Perceberás quando a voz minha ouvir


Que eu não me permiti nunca esquecer
Aquela que hoje me inspira a escrever,
Que eu sempre penso em ti, seja onde for,


Muito normalmente até adormecer,
Até o sol raiar, ou até o sol se por...
Não sei. É sempre lilás, tal qual a flor.

16 de maio de 2011 – 15h 30min

Beijo de boa noite

Queria estar no teu quarto na hora de dormir...
Mas não me julgues, não falo de me deitar
Contigo. Queria poder teu sono velar,
Antes de fechar os olhos te ver sorrir.


Pessoalmente uma boa noite te desejar,
Com as tuas cobertas poder ir te cobrir,
Ou até mesmo te abraçar, pro frio não sentir.
Não os teu lábios mas a tua fronte beijar.


E eu não ousaria esperar o dia amanhecer,
Mesmo sabendo que pro deleite da lua
Quase todas as noites dormes seminua,


Mas eu velaria o teu sono até adormecer,
Até que o silêncio, a tranqüilidade da rua,
Pairasse também sobre esta cama que é tua.

11 de maio de 2011 – 14h 20min

Dito a Mim por Mim Mesmo XVI

Se em momento algum a culpa não foi tua
Me diz: Por qual razão se desculpar?
Ela sim é quem deve se culpar
Se vais gozar as delícias da lua.


Vai! Entregue-se a noite. Entregue-se a rua.
Não há nada que possa a ela te amarrar
─ A não ser esta vontade de amar,
De fazer dela a namorada tua.


Pois se algum remorso estás a sentir
É porque no fundo ainda há um coração.
E não procure entender a razão,


Se entrega apenas, e esteja a sorrir,
Com sinceridade e com o coração,
Feito ela estará ao te tomar a mão...

05 de maio de 2011 – 23h 11min

Sem querer te imaginei

Sem querer te imaginei seminua,
Com frio, na cama sozinha deitada
Em silêncio a dormir despreocupada
Pro deleite da misteriosa lua.


Sem querer imaginei as coxas tuas...
Eu pensei nas tuas pernas e mais nada
Enquanto o silêncio da madrugada
Só interrompe o latir de um cão na rua.


Penso se tal cachorro não sou eu
Suplicando o calor do colo teu,
Por única noite em tua companhia


Pois me abandonas ao infindável breu
No qual um dia o cachorro se perdeu
E hoje late ao portão nas noites frias.

19 de abril de 2011 – 15h 33min

Geovana IX – Moreninha do Rio

Na verdade, o que não me falta é inspiração
Pois eu tenho a ti, dona de cachos tão belos,
De um corpo cujas curvas são as de um ribeirão.
─ Só o que te falta é aquele vestido amarelo...


A refletir os cachos destes teus cabelos
As águas sempre correm, sem qualquer razão,
E á beira do rio nunca paras para vê-los,
Pra saber a razão de minha admiração.


Pões a mão na água, a sente passar entre os dedos
Desta tua mão tão delicada e tão pequena,
A luz a refletir em tua pele morena...


Como em quando eu quase descubro os teus segredos
Tu sorris. Sorris pois do teu rosto moreno
Este é todo o esplendor: infinito. Pequeno.

23 de março de 2011 – 23h 19min

Não trago flores

Para tua lápide não trago qualquer flor
Pois elas logo secam, caem todas ao chão.
Querida, não existe prova maior do meu amor
Que a tua memória: Levas o meu coração.


Ante o frio da terra persiste ainda o calor
Daquele teu beijo primeiro sem razão.
O teu carinho eterno que diminui a dor,
Que suportável torna a separação.


E eis a minha última confidência, meu amor:
Depois de tudo isso não me há maior frustração
Que não poder seguir contigo nesta estrada.


Ao mesmo tempo tudo é vazio e aflição
Diante do túmulo onde jazes enterrada:
Diante do qual é perpetuado o nosso amor.

21 de março de 2011 – 23h 10min

Não rezo

Faz muitíssimo tempo que eu não rezo
Nem aceito ajuda de qualquer reza
A fim de diminuir o meu desprezo
Por aquele que apenas por si reza.

Uma das raras coisas que eu desprezo
É o cristão que ao próprio nome despreza,
Que ao seu próprio nome só traz desprezo
Quando se somente lhe convém reza.

Criança que sempre faz as orações
Sem nunca saber a quem agradece
Raro vejo Dele no mundo a mão

Quando mais são de barro os corações
Dos homens que não têm Deus em suas preces.
Dos homens que apenas têm religião.
26 de julho de 2011 - 00h 47min

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Inspirado no Firmamento

Azul safira era a cor do belo vestido.
Uma jóia, um rubi, luzia entre seios nevados
─ Perfeito adorno em seus fios de ouro pendurado.
E o brilho que fosse na gema refletido

Vermelho não seria pois seria desbotado
No branco de seios perfeitamente esculpidos...
Se perderia em meio a beleza de um tecido
Pro corpo que ao toque da mão é mais delicado.

Pois nem mesmo as pétalas da pequena flor
São delicadas ou possuem igual frescor
Ao de quem no fim do dia nos faz suspirar...

Muda a cor, fica lilás, junto ao sol a se por
O manto cujo vento frio faz balançar.
O que antes foi um rubi é, aos poucos, prata e luar.
08 de março de 2011 – 03h 06min

A um anjo de olhos claros

Eu já não conto mais a quantidade
De conselhos que eu fui oferecer.
E você nem mais para agradecer...
Há muito estou cansado, esta é a verdade.

Cansei! Agora eu só assisto acontecer.
Não esperdiço mais minha boa vontade.
Vocês dois não precisam de amizade
Nenhuma. Sabem que vai acontecer

- ou acham... Pois não vou mais interferir.
E se eu estiver por ali do lado
Ainda assim o farei sempre calado.

E talvez eu me divirta a assistir,
Outra vez, cada um seguir pro seu lado
 - Vocês, perfeito casal de mal amados.
03 de março de 2011 – 10h 38min

A um anjo de olhos claros

Faz muito tempo que eu não vejo o céu
Nos lindos olhos teus... Mas esta não
É mais a minha maior preocupação.
E isto também não é mais problema meu.

Quem sou pra aconselhar teu coração?...
Afinal, me diz logo quem sou eu.
Me diz, pois para ser amigo teu
Não tenho encontrado mais razão.

A cada vez parece que a confiança
Diminui... Que em mim cresce uma vontade
De por logo um fim a nossa amizade.

Há muito não é mais feito nas lembranças...
Há muito estou cansado, esta é a verdade.
Não agüento mais esta futilidade.
02 de março de 2011 – 23h 38min

Tentativa de escrever poema simbolista

Em meio a toda escuridão um corpo flutuante
Ia em roupas de uma cor pálida vaporosas.
Nas nuvens buscava as pérolas mais brilhantes
Remexia as águas porém sempre silenciosas.

No céu viu o próprio reflexo por um instante
As lembranças, feito as águas, viam vagarosas...
No fundo das águas estrelas fulgurantes
No espelho de água lágrimas iam preguiçosas.

Brilhavam nos céus os mais límpidos cristais
Como saudando quem torna ao mar de pureza,
Quem torna aos braços de suas irmãs imortais.

No fim todas as coisas serão águas passadas,
O barro, por fim, sempre volta às profundezas...
Pura a água correrá sobre onde não há mais nada.
21 de novembro de 2010 – 01h 41min

Petalum VIII


Diante do túmulo onde está enterrado
O meu primeiro e mais sincero amor
Fico a olhar para o vazio: ludibriado
Pelo perfume de uma simples flor.

Goteja aos poucos, quente, o meu rancor,
Enquanto eu permaneço ali sozinho...
Pois eu não havia me dado conta da dor,
De que na mão eu segurava espinhos.

Não há quem saiba do mal pelo o qual passo
- mal que me devasta a partir das raízes.
Eu joguei no caminho ante os seus passos

Pétalas mas pisou ela em minha essência.
“Será que somos ambos infelizes?”
Pergunto-me, vítima da inocência.
04 de novembro de 2011 – 12h 24min

O amor...

Ah! é verdade... O amor é feito uma chama
Que no peito tanto arde sem queimar.
A sensação de estar com quem nos ama,
Jura de quem vai e diz que irá voltar.

O amor é um brilho sincero no olhar
E que não sei descrever com palavras.
É um rubi que não se pode encontrar...
O amor que nunca tive é a jóia mais rara.

O amor, em quatro letras é infinito.
É quem escreve os versos mais bonitos
- Dos quais me orgulho de tê-los escritos.

Sua poesia não é apenas infinita.
Dentre dotas também é a mais bonita
- Pois é a perfeição quem o amor imita.
13 de outubro de 2010 – 11h 52min

O que o meu pai chamaria de “Um Poema Autodestrutivo”

Não venho aqui como pai de revolução.
Há muito perderam esta fútil luta.
Só eu tenho cérebro aqui? Pensam que ainda estão
Vivos mas não estão, bando de filhos da puta!

Não me pergunte nunca o que vamos fazer.
Tudo o que quero é ver a grande confusão.
Se depender de mim vão é tudo se foder
- Inclusive quem me vir como o senhor da razão.

A culpa é toda minha e não quero mais nada
Muito além deste sorriso que mais é um talho
Na minha cara... Cara, há muito estou cansado

De respirar o mesmo ar que estes desonrados.
Somos as putas de um sistema sempre falho!
A frustração na mente da criança bastarda.
28 de janeiro de 2011 – 16h 52min